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    PARÓDIA E DESSACRALIZAÇÃO EM O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO E CAIM, DE JOSÉ SARAMAGO

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    Resumo: Referência na narrativa portuguesa contemporânea e contemplado por prêmios como Camões (1995) e o Nobel de Literatura (1998), José Saramago (1922 – 2010) traz em suas obras críticas a diversos temas, como a religião Cristã, o abuso de poder, a misoginia, entre outros tantos. Dado o contexto do fenômeno da secularização ocidental no século XX, no qual o declínio do prestígio à religião se manifesta nas criações artísticas e literárias, Saramago elabora sua crítica à religião cristã e à figura de Deus fazendo uso da ironia, escrevendo O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991) e Caim (2009), paródias da Bíblia Sagrada que recontam a história dos textos sacros de maneira humanizada, o que resulta na dessacralização das entidades e personagens sacras do texto canônico. Tal dessacralização possui teor crítico, que, acompanhado da ironia, é elemento fundamental da paródia. Assim, busca-se neste artigo evidenciar a distanciação paródica e a dessacralização nos textos de Saramago, analisando os traços paródicos com base em Linda Hutcheon (1985) e irônicos com base em Beth Brait (2009), que por sua vez, se baseia em Bakhtin (1963), comparando o processo de transformação das personagens protagonistas que levam o leitor ao pensamento crítico acerca da figura divina eternizada pela cultura cristã.Palavras-chave: Paródia; Ironia; Dessacralização

    A RECEPÇÃO CRÍTICA DE JOSÉ SARAMAGO NO BRASIL

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    Exame da recepção crítica do escritor português José Saramago por meio do levantamento de teses e dissertações já defendidas em universidades brasileiras, especialmente na Universidade de São Paulo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Ao examinar tais produções críticas, pretende-se verificar quais obras do escritor luso são alvo de maiores estudos, quais as temáticas dominantes, o direcionamento teórico do estudo. A partir disso, será possível constatar como a produção ficcional de Saramago é recebida e analisada de forma crítica pelas universidades citadas.Examination of the critical reception of the Portuguese writer José Saramago through the survey of theses and dissertations already defended in Brazilian universities, especially the University of São Paulo, the Federal University of Rio Grande do Sul and the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul. By examining such critical productions, it is intended to verify which works of the Portuguese writer are the subject of larger studies, which are the dominant themes, the theoretical direction of the study. From this, it will be possible to verify how the fictional production of Saramago is critically received and analyzed by the universities mentioned

    O nobel português : reflexões sobre a obra de José Saramago

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    A proposta deste livro chegou-nos pelo ex-decano da Faculdade de Tradução e de Interpretação, o estimado Albert Branchadell, - a quem aproveitamos para agradecer a confiança depositada - e não podia vir mais a calhar, pois este ano 2022 comemoramos o centenário do nascimento de José Saramago (Azinhaga, 1922). O convite pretendia dar seguimento à coleção «12 Literaturas», criada pela FTI, servindo para mostrar ao mundo as 12 línguas ensinadas nesta instituição. Que o segundo volume seja dedicado ao único (até agora) Nobel em Português foi para nós, editoras, uma honra. O desafio começou com a inevitável comparação. Sabíamos que o primeiro volume, dedicado a Mircea Cărtărescu, tinha sido fruto de umas jornadas internacionais dedicadas à obra do autor romeno. No entanto, no nosso caso, não havia jornadas ou conferências previstas. Assim sendo, decidimos pôr mãos à obra e começar do zero - abrimos um call for papers - e, ao mesmo tempo que íamos recebendo artigos, a nossa motivação ia aumentando ao constatar que «ninguém falha a uma chamada de Saramago». Após um verão duro, com temperaturas extremas, que nos deixaram sem ânimo, e um recomeço de ano letivo agitado, conseguimos terminar (não sem a ajuda dos pareceristas, a quem também agradecemos o exímio labor) este longo trabalho cooperativo com um sorriso na cara

    José Saramago , um prémio Nobel levantado do chão : uma escrita de subversão na subversão da escrita

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    A Literatura Portuguesa, qual universo riquíssimo em constelações com mundos e estrelas de criação estética, recebe agora um reconhecimento inequívoco e decisivo. A Língua Portuguesa, Pátria cultural de autores notáveis espalhados pelas estradas da lusofonia, pode encontrar agora em José Saramago um arauto universal, como o poderia encontrar, também como justo prémio, em muitos outros escritores que mereciam esse galardão, tal é a profusão de possíveis homenageados. Num mundo em que um reconhecimento público premeia com glória (ainda que fugaz) um vulto das Letras nacionais, é lícito que a cultura de expressão portuguesa se sinta orgulhosa. Mais ainda, como cidadãos e amantes da Cultura Portuguesa, devemos encontrar em Saramago não um autor mas sim um fautor, um verdadeiro arauto, um embaixador dos séculos de labor e criatividade espiritual. Não se nos afigura fácil tecer algumas singelas considerações relativas a José Saramago, ele próprio uma figura complexa e polémica . Talvez possamos começar com um episódio elucidativo

    O Duplo, a lucidez e a morte: olhares críticos

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2010Esta análise se propõe a refletir e a compreender de que maneira acontece a recepção literária no Brasil dos romances O homem duplicado (2002), Ensaio sobre a lucidez (2004) e As intermitências da morte (2005), do escritor português José Saramago, em teses e dissertações cadastradas no Banco de Teses da Capes, entre os anos de 2004 e 2008. A pesquisa procura, também, levar em consideração seus romances anteriores, os que abarcam a temática histórica ou não, já estudados pela crítica, que seriam Memorial do Convento (1982), História do Cerco de Lisboa (1989), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1998), Manual de Pintura e Caligrafia (1977), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995) e Todos os Nomes

    PROVOCAÇÕES A-TEOLÓGICAS: Perguntas e caminhos na reescritura de Saramago em Caim.

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    O presente trabalho pretende compreender como a crítica saramaguiana contida em Caim pode contribuir para o diálogo entre teologia e literatura. Para tal intento é necessário seguir alguns passos. Sendo o primeiro percorrer mostrar a possível aproximação entre teologia e literatura. No entanto, como a literatura do autor escolhido está marcada por seu ateísmo, também se impõe a tarefa de compreender como a teologia pode acolher as críticas ateístas sem cair num "entreguismo" da fé. Já posteriormente à luz de um breve perfil biográfico percebe-se a sua paixão por questões concernentes a religião e que essa paixão transpassa seus textos. Contudo, não de maneira apaziguada, mas através de um questionamento de imagens de Deus cristalizadas e que ele põe abaixo através de uma reescritura do texto bíblico. Nesse sentido, pode-se dizer que Saramago faz uma a-teologia ou teologia às avessas, questionando certas imagens de Deus também no seu último romance escrito a saber, Caim

    Saramago: Escrever, Interromper. Narrativas breves de José Saramago: problemáticas de um lugar discursivo

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    A interrupção enquanto presença, falta e pertença de um texto que, todavia, não se deixa fixar, classificar ou apreender. Fonte e, simultaneamente, matéria-prima privilegiada de um lugar de escrita onde a interrogação é constante e onde não há espaço para respostas. Assim se suspende um tempo, assim se presentifica um passado, assim se permite José Saramago testemunhar, que o mesmo será dizer, ficcionar. Circunstancial, subtil e hábil, o texto de José Saramago, nas suas narrativas breves – crónicas e contos – é, não apenas, todo o texto de uma obra, mas a grande ferramenta literária do autor para provocar brechas, rupturas, suspensões de juízo. Fragmento que estilhaça, a interrupção será, certamente, problema a merecer estudo aprofundado, no mapa que cruza literatura e filosofia.Interruption as a presence, an absence and a text’s assignment that, however, doesn’t allow itself to get fixed, classified or apprehended. The source and, simultaneously, the privileged body of a writing place where interrogation is ceaselessly and where there is no place for answers, interruption leads us to time suspension, to a time where the past comes to the present, a time for José Saramago to testify, which means, to portray. Circumstantial, subtle and skilfull, José Saramago’s text in his short narratives, is not only the all of a literary work, but his first literary tool to provoke breaches, ruptures and judgment suspensions. Shattering fragment, interruption certainly deserves a deepen studies, in the map that intersects literature and philosophy

    De como um rei tem dois corpos em Memorial do convento

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    Orientadora: Profa. Dra.Anamaria FilizolaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa: Curitiba,20/04/2011Bibliografia: fls. 124-129Resumo: A presente dissertação tem como objetivo a análise do monarca D. João V enquanto personagem do romance Memorial do convento (1982) de José Saramago e na sua apropriação para a História de Portugal (1879) do historiador português Oliveira Martins, partindo da semelhança com que os dois autores tratam esse rei. Embora a maior parte das interpretações do Memorial seja no sentido de privilegiar os oprimidos, aqui se trilha o caminho inverso, pois se acredita que, embora D. João V seja um personagem secundário, ele se faz onipresente e onipotente durante todo o enredo, determinando as ações dos demais personagens. Isso pode ser explicado a partir da teoria de Ernst Kantorowicz, Os dois corpos do rei (1957), surgida na Idade Média, mas de que se encontram resquícios bem mais tarde, e segundo a qual um rei tem em si dois corpos: ora se atribui a ele um corpo natural e outro político, ora um corpo natural e um corpo místico. Ainda de acordo com a proposta de Kantorowicz, esse corpo político/místico abarca a totalidade da nação, sendo que o rei se constitui como cabeça e os súditos como membros. A existência desses corpos não naturais e dessa corporificação do reino pode ser percebida tanto no texto de Martins como no de Saramago, mas servem de motivo para a crítica dos dois autores, uma vez que reflete o absolutismo e a beatitude com que D. João V conduziu o seu reinado. Por outro lado, o estudo desses textos à luz da teoria de Kantorowicz comprova a continuidade da concepção dos dois corpos do rei já no século XVIII português. A partir dessa análise será possível também evidenciar de que forma o discurso de Oliveira Martins e sua História de Portugal inspiraram José Saramago na composição do Memorial do convento.Abstract: The present dissertation aims at analyzing king D. Joao V as a character of Memorial do convento (1982) by Jose Saramago and in his appropriation for Historia de Portugal (1879) written by the historian Oliveira Martins, based on the similarity that both authors present this king. Despite the majority of the novel interpretations focus on privileging the oppressed ones, here the opposite direction is followed since it is believed that even if D. Joao V is a secondary character he is omnipotent and omnipresent all through the plot, determining the actions of the other characters. This can be explained based on the Ernst Kantorowicz theory, The king¡¯s two bodies (1957) about the Medieval Age but that can be found remnants much later and according to which a king has two bodies: in one moment it is attributed to him a natural and other political body; in another a natural and a mystical body. Yet, according to Kantorowicz.s proposal this political/mystical body covers the totally of the nation, in which the king is constituted as the head while the subjects as members. The existence of these non-natural bodies as well as this embodiment of the kingdom may be perceived not only in Martins. text but also in Saramago.s, however they are seen as a reason for criticism for both authors since it reflects the absolutism and beatitude that D. Joao conducted his reign. On the other hand, the study of these texts based on Kantorowicz.s theory proves the continuity of the king.s two bodies conception in the Portuguese eighteenth century. Considering this analysis, it will be possible to evidence which way the Oliveira Martins. discourse and his Historia de Portugal inspired Jose Saramago in his composition of Memorial do convento

    Quando se morre duas vezes: Lázaro por Hilda, J. Queiroz e Saramago

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em LiteraturaO milagre da ressurreição de Lázaro ocorreu há quase 2.000 anos, segundo a Bíblia, o livro mais lido no ocidente. História intrigante, serviu de inspiração na literatura e no cinema. O objetivo deste trabalho é analisar o trânsito do Lázaro em três textos ficcionais contemporâneos, quais sejam: novela Lázaro, de Hilda Hilst; conto Fulgor na noite, de Júlio de Queiroz e O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago
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